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24 de fevereiro de 2017

Do teu porão

Estou despida
Viste nua minha alma
Ouviste solta minha prosa
Aprendeste a revirar minha vida

Conheces a quem me ama
Como a palma da tua mão
Sabes do meu drama, meu medo
Do segredo que meus olhos derramam

E eu, em ti, fui reprovada
Não há caminho que eu conheça
Não há ruído que não me soe
Qualquer coisa sem tradução

Sei menos dos teus dias
Do que posso prever em tuas caras
Me privaste da beleza
Dos teus amigos, teus motivos, tua sala
Me escondes em teu porão

É essa injusta ignorância
Quem me leva pelas mãos
E que já não basta aos desejos
Que em mais ou menos tempo
Deixarão de resistir

"Que amor era esse que não saiu do chão?"
Enquanto a canção me embala
Meu corpo inteiro se arrepende
Por ter se doado sem temer
Pelo já rastejado coração